quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A HISTÓRIA DE BARNABÉ


Tradução Livre do artigo: The story of Barnabas Fonte: www.barnabasministry.com

A primeira aparição de Barnabé ocorre em Atos 4:36 como um levita chamado Jose de Chipre. Ele aparentemente tinha alguma riqueza, pois vendeu uma propriedade e deu o dinheiro aos apóstolos para distribuição. Aparentemente ele conheceu muito bem os apóstolos, pois, em sua próxima aparição ele ousadamente apresenta um antigo perseguidor chamado Saulo de Tarso aos apóstolos como um irmão no Senhor (Atos 9:27).

Mais tarde, Barnabé foi enviado a Antioquia para levar os jovens e incentivar a essa igreja (Atos 11:22-24). Naquele época ele recrutou Paulo de Tarso para o trabalho em Antioquia (Atos 11:25). A partir da igreja em Antioquia, Barnabé e Paulo visitaram a igreja em Jerusalém levando uma oferta dos irmãos gentios para os que sofriam com a fome na Judéia (Atos 11:30). Em seguida voltaram para Antioquia com João Marcos (Atos 12:25).

Foi durante esse tempo em Antioquia que Barnabé e Paulo foram escolhidos pelo Espírito Santo para a obra missionária (Atos 13:2). Levando João Marcos como auxiliar. A primeira parada foi na terra nativa de Barnabé, Chipre (Atos 13:4), em sua cidade de Pafos (Atos 13:6). Após o ministério nessa cidade partiram para Panfília, onde João Marcos regressou a Jerusalém (Atos 13:13). Por volta da sua próxima parada na Antioquia da Psídia, Paulo aparentemente obteve proeminência no trabalho missionário, como as referências posteriores se referem à equipe como "Paulo e Barnabé" e não mais "Barnabé e Paulo" (Atos 13:42). Provavelmente devido à capacidade de falar de Paulo (Atos 14:12).

Quando Paulo e Barnabé terminaram seus esforços missionários e voltaram para Antioquia (Atos 14:26), a controvérsia sobre a circuncisão e a conferência de Jerusalém ocorreu (Atos 15:1-2). Curiosamente, durante esse debate Barnabé reapareceu com um papel de destaque, possivelmente devido à sua longa relação com os apóstolos (Atos 15:12, 25). Após esse assunto resolvido, Paulo e Barnabé retornaram para Antioquia e continuaram no ministério por algum tempo (Atos 15:35).

Após isso, Paulo e Barnabé discutiram sobre visitar as igrejas que haviam estabelecido no trabalho missionário anterior (Atos 15:36). Barnabé queria levar João Marcos, mas Paulo se opôs, devido ao fato de João Marcos ter os abandonado na Panfília (Atos 15:38). Barnabé e Paulo discordaram duramente e dividiram-se sobre este assunto (Atos 15:39). Eles parecem ter dividido o território em consideração, sendo que Barnabé e João Marcos foram ao Chipre (sua pátria ancestral) e Paulo e Silas foram à Síria e Cilícia (pátria ancestral de Paulo). Neste ponto, Barnabé não é mais citado no livro de Atos.

Informação Incidental

Barnabé provavelmente foi solteiro (1 Coríntios 9:5-6), ele também é mencionado em Gálatas 2:1, 9, em referência a uma visita à Jerusalém e, novamente, em Gálatas 2:13, em referência a ser seduzido por Pedro em separar-se dos cristãos gentios em Antioquia.
Em Colossenses 4:10, nós aprendemos que Marcos foi, de fato, primo de Barnabé, e que Marcos foi companheiro de Paulo durante esforços missionários posteriores (veja também Filemon 1:24). Mais tarde ainda, 2 Timóteo 4:11 registra que Marcos era conhecido por Timóteo e foi solicitado por Paulo durante seus últimos dias. Marcos também é visto com Pedro durante seus últimos anos (1 Pedro 5:13).

Barnabé abriu caminho e amou muito

Barnabé era um líder eficaz, primeiro liderando a jovem igreja em Antioquia e, em seguida, a primeira viagem missionária de Antioquia com o inexperiente Paulo ao seu lado. Juntos, eles foram contados como apóstolos (Atos 14:4), que tinha "arriscado as suas vidas pelo nome do Senhor Jesus Cristo" (Atos 15:26). Possivelmente já falecido no tempo em que Atos foi escrito, Lucas sinceramente se lembra de Barnabé como "um bom homem, cheio de fé e do Espírito Santo" (Atos 11 e 24).

No entanto, a melhor medida de seu trabalho pode ser visto na vida dos indivíduos que ele teve um impacto pessoal. Ele tomou Saulo, que estava completamente desligado com os outros apóstolos, e os convenceu a reconhecê-lo. Mais tarde, encontrou Saulo em Tarso e pessoalmente o recrutou para o trabalho em Antioquia, onde ele poderia desenvolver seus ensinamentos e habilidades de liderança. Por último, durante a viagem missionária que saiu de Antioquia, Barnabé teve a sabedoria para saber quando os dons e habilidades de Paulo tinha ultrapassado a sua própria em determinadas áreas, e permitiu Paulo brilhar para a glória de Deus, em vez de ofuscá-lo para manter a sua própria proeminência. Enquanto nós facilmente recordamos o que Paulo significou para a igreja, raramente reconhecemos que Barnabé foi fundamental em três grandes circunstâncias, agindo por algo maior do que sua proeminência.

Se não conseguirmos apreciar o que Barnabé significou na vida de Paulo, provavelmente não entenderemos o envolvimento com João Marcos. Tendo em vista como Barnabé trabalhou com Paulo, devemos considerar a similaridade de como ele trabalhou com João Marcos. Mas antes de ir adiante, precisamos compreender o conflito discutido em Atos 15 envolvendo João Marcos.

Um outro olhar sobre Barnabé, Paulo e João Marcos

Alguns estudiosos têm lançado todo o tipo de opiniões especulativas sobre o que estava "realmente por trás" do conflito sobre João Marcos, mas nenhuma dessas opiniões são possibilidades significativas a serem consideradas. O abandono de Marcos da equipe é claramente descrito por Lucas como "deserção" (Atos 15:38). Considera-se como uma falha moral ou de caráter, por parte de João Marcos, nesse momento da sua vida.

Alguns tentaram pintar um retrato de Barnabé como fraco, sentimentalista ou em cima do muro na questão de João Marcos em Atos 15; Ainda assim, não há indicação de qualquer atribuição de pecados a Barnabé em qualquer lugar nesta história, da mesma forma que não existe nenhuma menção de qualquer amargura ou ressentimento por parte de Paulo. Paulo e Barnabé discordaram fortemente, respeitando ainda assim a posição do outro sobre a situação: Paulo pensava que João Marcos não deveria tomar parte na viagem missionária em questão, enquanto Barnabé queria que João Marcos o acompanhasse.

Observe a ausência de qualquer acusação de pecado sobre essa questão (em contraste com o outro evento na controversa de Antioquia discutida em Gálatas 2:11). Esse respeito mútuo entre Paulo e Barnabé explica que a solução foi escolhida por eles. Talvez Paulo tenha reconhecido que havia um lugar para João Marcos, mesmo que não estivesse no que ele tinha em mente. A solução serviu para dobrar o número de equipes, e contribuiu para o crescimento contínuo de João Marcos, além de trazer Silas para ser treinado a trabalhar como missionário. No final, Deus foi duplamente glorificado.

Agora, de volta a Barnabé (afinal, este é um artigo sobre ele). Barnabé, sem dúvida, estava por trás da ida de João Marcos para Antioquia com ele e Saulo antes da viagem missionária (Atos 12:25). Barnabé claramente viu nele um grande potencial. Assim como Barnabé não permitiria que o primeiro ministério de Paulo fracassasse (Atos 9:30), ele não iria permitir que o fracasso de João Marcos na Panfília. Barnabé ainda acreditava em Marcos – tanto que quando uma outra oportunidade para um trabalho missionário se apresentou, ele não teve dúvidas quanto a trazê-lo junto. Tanto que ele insistiria sobre a alteração do plano missionário para o benefício de João Marcos.

Para rotular Barnabé como sentimentalista ou fraco por sua lealdade para com João Marcos não é apenas especulativo e externo ao texto, mas ignora traços conhecidos sobre Barnabé. Como podemos louvar Barnabé por introduzir Saulo aos apóstolos e ajuda-lo e, em seguida, condenar este mesmo Barnabé, que se recusou a desistir de João Marcos? Ele não estava agindo da mesma maneira nos dois casos?

Nós precisamos de mais pessoas como Barnabé

Barnabé é um herói cristão. Ele sacrificou a sua riqueza para ajudar os necessitados. Ele sacrificou conforto e segurança para viajar e anunciar Cristo para o avanço do Reino. E, no entanto, talvez devido a sua idade e maturidade, ele foi inteiramente dedicado às pessoas que estavam por baixo na vida e na fé. Barnabé amou profundamente tanto Saulo quanto João Marcos e encontrou uma forma de ajudá-los a atingir seu pleno potencial para Deus. Aparentemente Barnabé sabia que a fraqueza tem sido sempre utilizada por Deus para ensinar seu povo – mas somente quando o insucesso é seguido pela perseverança e por uma segunda chance.

Ao invés de deixar o "dom de encorajamento" (Romanos 12:8) para um segundo plano (atrás da "gloriosa" eficácia missionária e evangelística), temos de compreender que sem os grandes encorajadores e ajudadores daqueles que têm falhado, não haverá sucesso futuro. Onde estaria Pedro e os outros apóstolos sem para Jesus restaurá-los depois de sua ressurreição? Onde estaria Paulo e João Marcos sem a influência de Barnabé em suas vidas?

Um “Ministério de Barnabé” para a igreja hoje?

Para Barnabé, o Reino não era uma "máquina necessitando de engrenagens", mas sim um órgão constituído por indivíduos. Não é certo perguntar, "O que é mais importante, a missão ou os membros?" Para Barnabé, a missão eram os membros! Um Reino sem lugar para um Saulo de Tarso ou para um João Marcos é um Reino sem lugar para ninguém. Que grande lição para aprendermos!

Fracasso – pecado – na vida cristã é parte integrante de uma vida de fé. Assim como Paulo foi para Tarso por desânimo e João Marcos regressou a Jerusalém em desgraça, discípulos hoje sofreram as mesmas coisas. Muitos têm "perdido a fé" em fazer grandes coisas para Deus – apenas por ter fracassado, por qualquer motivo. Eles ousaram sonhar e mais tarde se perguntaram: "Fui tolo em ter sonhado?".
Infelizmente, na Igreja não temos sabido o que fazer com essas pessoas. Como o salmista se tornou objeto de cantiga de bêbados (Sl 69:12), eles são escarnecidos como "pecadores" e com o status de "já foi um cristão" pelos seus irmãos. Assim como Pedro gritou para Jesus, "Salve - me!" (Mt 4:30), eles chamam por seus irmãos, mas às vezes recebem uma âncora em vez de uma mão. Eles esperam desesperadamente um verdadeiro irmão – um como Barnabé – para ajudá-los a acreditar e viver uma vida de fé novamente.

O que a igreja precisa urgentemente hoje é de cristãos que pessoalmente praticam um estilo de devoção como o de Barnabé – estilo de devoção e de amor que cuida daqueles que estão por baixo e comprometidos a reconstruir a sua fé e a sua utilidade. Mesmo se implicar em mudanças de planos ou abrandar o ministério. Este tipo de liderança não vai deixar o fracasso ser o legado daqueles que tentaram e fracassaram no passado. Essa liderança está ciente de que hoje João Marcos é o futuro autor de um evangelho, que hoje Saulo de Tarso é o pregador para reis e césares de amanhã.
A melhor forma de implementar um "Ministério de Barnabé" permanece a ser descoberto, mas certamente deve começar com um "Coração de Barnabé".

2 comentários:

Paulo Vianna disse...

Falamos hoje (01/12/2007) nos nossos encontros sobre o tema "Um só Deus", na seqüência proposta. E a certa altura perguntei a cada um como entendia os dois papéis - Deus e Jesus - dentro de sua fé. Dessa digressão, comentei que o amor ao próximo, na verdade, é o grande deus, e que a igreja seria um corpo conceitual mais forte que daria corpo e sentido a esse amor que devemos exercitar. Falei no amor "obreiro", no amor construtivo, no amor responsável. Mas ainda assim me senti devendo um exemplo maior desse amor, desse tipo de obra.

Barnabé é este exemplo que faltava. É de homens como ele que precisamos para construir um mundo melhor. É a esse tipo de amor que eu me referia - a dedicação dessa energia aos pobres e necessitados, a devoção que não busca recompensa pois o ato já é uma recompensa em si mesmo. É bom lembrar sempre a figura de Barnabé que no seu despojamento construiu mais do que muitos homens de fé.

Unknown disse...

Glória a Deus por ter colocado esses bravos homens em sua milícia,em seu ministério.Verdadeiros heróis e não 'heróis de barro' como tantos hoje em dia,inclusive dentro de sua própria Igreja.É claro que naquela época,ainda dentro da própria Igreja,existiam também os 'heróis de barro',como exemplo citado por São Paulo:'Todos me abandonaram!Demas me abandonou por amor às coisas do século presente.'
Mas graças a esses bravos homens,minoria enquanto números,mas maioria segundo o Espírito,a Igreja de Jesus Cristo jamais cederá!